‘Tem ninguém preocupado com o meio ambiente do Brasil’, diz Mauro sobre crítica à Ferrogrão

Em entrevista na quarta-feira (3) o governador Mauro Mendes (União) rebateu as críticas feitas à Ferrogrão, que irá ligar Mato Grosso ao porto de Miritituba, no Pará. Na visita do presidente da França ao Brasil, na semana passada, o líder indígena de Mato Grosso, cacique Raoni Metuktire, fez um pedido ao presidente Lula, ao lado de Emmanuel Macron, para que não aprove a Ferrogrão. Mauro disse que este tipo de pedido reflete uma agenda internacional e não a brasileira. O governador afirmou que há interesses econômicos e que “ninguém está preocupado com o meio ambiente do Brasil”.

O chefe do Executivo estadual pontuou que Mato Grosso possui quase o mesmo tamanho que a Alemanha e a França juntas, porém, tem pouco mais de 200 quilômetros de ferrovia, enquanto os países europeus têm, somados, 70 mil quilômetros.

“Se é ruim pro Macron, pode ter certeza, é bom pro Brasil, é bom pro agronegócio brasileiro. […] Eu quero que esses índios expliquem por que é que eles são contra. Por que eles estão defendendo o interesse dos produtores franceses? Então que eles vão lá pedir saúde para eles, vão pedir assistência pro Macron, estrada pro Macron. Eu ouvi da boca do Raoni que quer asfalto ali dentro da aldeia dele, da 322. Ele pediu pra mim, isso está gravado, vai fazer com o dinheiro de quem? Do senhor Macron ou do governo de Mato Grosso, dos contribuintes de Mato Grosso que pagam impostos aqui?”, criticou Mauro.

Mendes afirmou que inexiste argumento que mostre que a Ferrogrão não é sustentável ou ecologicamente viável. Ele também pontuou que a ferrovia não passa dentro de nenhuma reserva indígena.

“Tem que ficar muito claro que existe uma briga de interesses econômicos, não tem ninguém preocupado com o meio ambiente do Brasil não, eles não estão preocupados com os índios daqui. Agora, nós sabemos que existem sempre organismos internacionais que estão aqui pra defender interesses que não são legítimos interesses dos brasileiros”.

Segundo Mauro, estes interesses são de barrar a produção do Brasil, que teria mais capacidade produtiva que os países europeus. Ele reforçou que não faz sentido continuar investindo em rodovias, sendo que dos meios é o mais ineficiente.

“Já viram quantas vezes no noticiário internacional os produtores franceses fazendo greve lá por quê? Porque é uma agricultura ineficiente que vive a base de subsídios. Nós, brasileiros, temos agricultura, uma das mais competitivas e eficientes do planeta, como alguém que não tem eficiência compete com alguém tão produtivo como nós? Eles têm que barrar o nosso crescimento, eles têm que criar motivo pra nós ficarmos também ineficientes”, argumentou.

A Ferrogrão

A Ferrogrão é um projeto de ferrovia de extensão de 933 km e capacidade de transporte de até 52 milhões de toneladas de commodities agrícolas ao ano. Em 2014 um edital foi lançado pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e pelo então Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil (MTPA) para elaboração dos estudos para a concessão da infraestrutura ferroviária.

O projeto não “andou” em decorrência de uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI), que questionou uma lei que “altera os limites do Parque Nacional do Jamanxim(…)”, tendo por escopo a construção da Ferrogrão.

No ano passado um Grupo de Trabalho foi criado no Ministério dos Transportes, que ficou responsável pela atualização de estudos e a promoção de diálogo entre os vários setores. Uma manifestação deve ser entregue, em breve, ao Supremo Tribunal Federal (STF) com o resultado das discussões.

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