Sorriso lidera ranking nacional de estupros e estupros de vulnerável; 90% dos casos ocorrem dentro de casa

O município de Sorriso, no norte de Mato Grosso, lidera o ranking nacional de estupro e estupro de vulnerável, com uma taxa de 113,9 casos por 100 mil habitantes, segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2024, que compila informações referentes ao ano anterior. A situação é ainda mais alarmante quando se observa que 90% dos casos envolvendo crianças e adolescentes ocorrem dentro de casa, com familiares como principais agressores.

Além de Sorriso, outras três cidades mato-grossenses — Sinop, Cuiabá e Tangará da Serra — também estão entre os 50 municípios com mais de 100 mil habitantes que apresentam os maiores índices de violência sexual no país.

O tema foi amplamente debatido durante o 4º Encontro Estadual de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente, realizado na última sexta-feira (30), no Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT). Durante sua palestra, o promotor de Justiça Leandro Túrmina, do Ministério Público Estadual, apresentou dados que evidenciam o crescimento do abuso sexual infantil e sua relação direta com o ambiente doméstico.

“Em 64% dos casos envolvendo vítimas menores de 13 anos, os agressores são familiares. Em outros 22,4%, são pessoas próximas, como vizinhos ou conhecidos. Ou seja, quase nove em cada dez casos acontecem em casa”, destacou Túrmina, que também é coordenador adjunto do Centro de Apoio Operacional (CAO) da Infância e da Juventude.

O Brasil registrou, em 2023, 83.988 vítimas de estupro, sendo que 76% dos casos envolveram pessoas consideradas vulneráveis, conforme o Anuário. Entre essas vítimas, 61% eram crianças com menos de 13 anos.

Durante o evento, o promotor fez uma reflexão profunda sobre os traumas deixados pela violência sexual na infância:

“Quando alguém abusa de uma criança, que marcas ficam? A dor pode até diminuir com o tempo, mas a ferida emocional permanece”, declarou Túrmina.

O promotor também defendeu que o Sistema de Garantia de Direitos precisa reforçar as ações preventivas e melhorar os mecanismos de acolhimento.

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