
O prefeito de Rosário Oeste, Mariano Balabam (PSB), é alvo de investigação após ser citado em áudios que indicam possível interferência na fiscalização de um abatedouro que atuava há mais de uma década sem alvará. As gravações revelam que o gestor teria prometido encontrar um “jeitinho brasileiro” para evitar penalidades mais rígidas ao estabelecimento, interditado por irregularidades sanitárias.
A médica-veterinária J.G.B.A., responsável pelo Serviço de Inspeção Municipal (SIM), foi exonerada um dia após interditar o local, conhecido como Abatedouro do Fili. A unidade apresentava carne contaminada e utilizava água imprópria para consumo, conforme laudos laboratoriais emitidos em 2024, que apontaram presença de coliformes totais e Escherichia coli.
Nas gravações, Balabam minimiza os riscos à saúde pública e ironiza a necessidade de fiscalização rigorosa. “Carne clandestina vem há duzentos anos rodando assim… Com jeito, tem um jeitinho brasileiro”, afirma o prefeito, sugerindo que o problema poderia ser contornado sem “tumultuar” o comércio local.
A veterinária relata que enfrentava resistência constante do chefe do Executivo municipal para realizar o trabalho de inspeção. De acordo com ela, toda denúncia precisava passar previamente pela aprovação do prefeito, que decidia se haveria ou não fiscalização. Temendo responsabilização, a servidora afirma ter começado a registrar conversas para comprovar que apenas cumpria suas atribuições legais.
Além das irregularidades no abatedouro, a empresa investigada foi flagrada fornecendo carne sem inspeção ao Supermercado Fortes Bambil, fornecedor frequente da merenda escolar do município. Dias antes da interdição, a Prefeitura abriu uma licitação para adquirir 7,5 toneladas de carne para escolas e creches sem exigir selo de inspeção estadual ou federal, o que levantou ainda mais suspeitas sobre o processo.
A Polícia Civil e a Vigilância Sanitária intensificaram as fiscalizações em mercados e abatedouros da região. O delegado Mauro Cristiano Perssoli Filho confirmou que o inquérito sobre o abate clandestino teve início em outubro e segue em andamento.
FONTE POWIX


