O julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e de outros sete réus, ligados a uma suposta trama golpista para reverter o resultado das eleições de 2022, terá início nesta terça-feira (2/9) no Supremo Tribunal Federal (STF). O episódio será um momento histórico, em que o país confrontará tanto o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, quanto seu próprio passado autoritário.
O julgamento representa uma “reviravolta significativa” para o Brasil, que historicamente opta pela conciliação em vez da acusação quando se trata de crimes contra o Estado democrático.
“O julgamento de Bolsonaro também é o ápice de uma saga extraordinária que polarizou ainda mais o Brasil, testou a determinação do seu Judiciário e abriu um abismo cada vez maior com os EUA”.
Mesmo diante dessas pressões internacionais, o Brasil intensificou as investigações, incluindo novos indiciamentos do ex-presidente e de seu filho Eduardo Bolsonaro no mês passado.
De acordo com especialistas, o julgamento será acompanhado de perto em todo o país e pode estabelecer precedentes para a responsabilização política no Brasil.
O país enfrentou 14 tentativas de golpe ao longo da história, metade delas bem-sucedidas, muitas envolvendo militares, desde a proclamação da República em 1889. Sobre o regime militar iniciado em 1964, destaca-se que houve repressão generalizada, vigilância descontrolada e tortura sistemática, segundo dados da Comissão Nacional da Verdade, criada em 2012 para investigar abusos de direitos humanos.
“Ao contrário do Chile ou da Argentina — que processaram responsáveis por regimes militares —, o Brasil aprovou uma lei de anistia que dificultou ações legais contra os envolvidos“, conclui.
O julgamento de Bolsonaro deve ser acompanhado em tempo real por cidadãos, jornalistas e analistas políticos, e poderá influenciar a história recente da democracia brasileira.