Falsa médica reinjetava sangue em pacientes com câncer em Cuiabá

Enfermeira do Samu que atuava como médica em Cuiabá, retirava sangue dos pacientes e injetava novamente, com promessa de curar câncer.A enfermeira do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), que fingia ser médica atuando em uma clínica clandestina do bairro Santa Cruz, em Cuiabá, submetia pacientes com câncer terminal a tratamento de risco e sem comprovação de melhora médica.

A mulher foi descoberta pela Polícia Civil e virou alvo de investigação policial após um de seus pacientes, de 55 anos, com câncer terminal, morrer, após ‘tratamento alternativo’ com ela. O filho da vítima fez a denúncia.

De acordo com a Polícia Civil, a enfermeira fazia sessões de hemoterapia e ozonioterapia. Conforme o médico oncologista, Dr. André Crepaldi, o tratamento não tem comprovações científicas de que melhoram o quadro do paciente.“Há uns cinco anos teve um ‘boom’ desse tipo de tratamento [hemoterapia] em que algumas pessoas relatavam que melhorava a imunidade, melhorava as dores crônicas, mas não tem nada comprovado”, explicou.

Na técnica, são retirados até 20 ml de sangue do braço da pessoa, como em um exame de sangue, e essa quantidade é imediatamente injetada no músculo do braço desse mesmo indivíduo.

Em teoria, o procedimento aumenta a imunidade do corpo. “Se você pensar racionalmente, quando você tira o sangue da pessoa e injeta no músculo de novo, é como se fosse um hematoma, uma batida que sangra lá dentro”, salientou o médico.

Porém, o Conselho Federal de Medicina não reconhece a auto-hemoterapia como um tratamento e afirma que não existem evidências científicas confiáveis de que a auto-hemoterapia seja efetiva para prevenir qualquer doença em seres humanos, segundo o parecer n° 12, emitido em 2007 pelo órgão.

Além desse tratamento, a mulher também receitou e entregou um frasco para o paciente, com uma substância desconhecida, para o paciente pingar na boca, com a promessa de que o líquido iria curá-lo do câncer terminal.

Ainda segundo o filho da vítima, após iniciar o tratamento com a falsa médica, seu pai piorou rapidamente, perdendo a fala, os movimentos das pernas e passou a se alimentar apenas com a ajuda de terceiros, até falecer, em julho deste ano.

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