Considerado uma das principais lideranças indígenas de Mato Grosso, o cacique Raoni Metuktire, entregou uma carta ao papa Francisco, pedindo a ajuda para conscientizar a população sobre as queimadas no Estado e as enchentes no Rio Grande do Sul. O documento foi entregue durante o encontro nesta sexta-feira (17), no Vaticano, em Roma, na Itália.Ao falar sobre as mudanças climáticas, Raoni citou a tragédia no Estado gaúcho, que já deixou 154 mortes. Ele ainda enfatizou ao líder religioso que os parlamentares brasileiros precisam entender a necessidade de apoiar os povos indígenas e de proteger as florestas.“Além das enchentes que ocorrem no Rio Grande do Sul, ainda há o problema de desmatamento, seca nos rios e as regiões que sofrem com os incêndios [em Mato Grosso]. Por isso, o cacique pede que as pessoas se mobilizem e olhem para esses fenômenos que estão ocorrendo de maneira desenfreada. Pedimos apoio do Papa para que mais pessoas tenham consciência sobre o assunto, já que, quando eu falo, ninguém me escuta no Brasil”, diz um trecho da carta.
O encontro ocorreu durante o evento “Da crise climática à resiliência climática”, produzido pelas Pontifícias Academias das Ciências e das Ciências Sociais. O indígena afirma que é extrema importância a Igreja Católica demonstre interesse e preocupação com a causa, para que os minimizar os impactos ambientais.Raoni tem atuado para comover as autoridades em relação à preservação do meio ambiente e na proteção da terras indígenas. Em março deste ano, ele se manifestou contra a “Ferrogrão”, durante a entrega de uma homenagem ao presidente francês, Emannuel Macron.O projeto está suspenso por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF). A última decisão foi publicada na quarta-feira (15), prorrogando o processo que trata sobre a regulamentação da obra por mais 90 dias. Lideranças apontam que o projeto modifica o traçado de 17 unidades de conservação e irá afetar 6 terras indígenas, além de 3 áreas indígenas com presença de povos isolados.