Vitória Emanuelly da Silva, 14, morava em Lucas do Rio Verde (MT). Ela recebeu atendimentos em Santa Rita do Trivelato e, na madrugada do dia 7/10, deu entrada em estado gravíssimo no Hospital São Lucas, onde morreu no mesmo dia
A morte de Vitória Emanuelly da Silva, 14 anos, provocou comoção e abriu uma série de questionamentos sobre o fluxo de atendimento e a oportunidade de diagnóstico. A adolescente morava em Lucas do Rio Verde e, segundo a Secretaria Municipal de Saúde de Santa Rita do Trivelato, foi atendida duas vezes no dia 6/10 naquele município antes de ser transferida para o Hospital São Lucas, em Lucas do Rio Verde, onde faleceu no dia 7/10.
A Secretaria divulgou nota oficial relatando horários, condutas e a tentativa de transferência via SISREG em “vaga zero”, sem sucesso por indisponibilidade de leitos. Já fontes ligadas ao atendimento em Lucas do Rio Verde afirmam que a jovem chegou em estado gravíssimo, foi intubada, passou por exames e teve vaga em UTI por volta das 10h, mas não resistiu, morrendo às 22h do mesmo dia.
Correção editorial: Diferentemente do que chegou a circular, Vitória residia em Lucas do Rio Verde, e não em Santa Rita do Trivelato. (Correção informada nesta matéria a pedido do leitor.)
Linha do tempo do caso (horários aproximados)
6/10 – manhã
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10h08 — Entrada de Vitória em unidade de Santa Rita do Trivelato; 10h26 cadastro/acolhimento; 10h47 atendimento médico.
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Medicação prescrita é iniciada na unidade rural; pela necessidade de infusão endovenosa, paciente é transferida para o Centro de Saúde (anexo) e permanece até ~13h, quando recebe alta com orientações de retorno em caso de piora.
6/10 – noite
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~21h — Retorno à Unidade de Urgência e Emergência de Santa Rita, vindo da comunidade Pacoval, por ambulância.
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Início de exames de imagem e medicações. 22h — Abertura de regulação via SISREG (vaga zero); não havia leitos disponíveis, segundo a nota.
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Diante do quadro e da indisponibilidade de vaga imediata, a mãe solicita alta a pedido para buscar atendimento em Lucas do Rio Verde.
7/10 – madrugada e manhã
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~2h — Secretaria aciona equipe de remoção (enfermeira + motorista).
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~4h30 — Chegada ao Hospital São Lucas (Lucas do Rio Verde). Paciente em estado gravíssimo, com rebaixamento de consciência e hipoglicemia severa. É intubada e passa por exames laboratoriais e de imagem.
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~10h — Transferida para UTI; exames “extremamente alterados” levantam suspeita de doença hematológica grave (hipótese oncológica, a ser confirmada por exames específicos).
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22h — Óbito no mesmo dia.
O que diz a Secretaria de Saúde de Santa Rita do Trivelato
Em nota oficial, a Secretaria detalha os dois atendimentos realizados em 6/10, a infusão endovenosa, o retorno à noite, a abertura de vaga zero e a impossibilidade de transferência por falta de leitos disponíveis. Informa ainda que a remessa a Lucas do Rio Verde ocorreu com equipe de enfermagem e que o médico plantonista não integrou a remoção por impedimentos legais e por assistir outro paciente grave aguardando regulação. A pasta lamenta o desfecho e afirma que os eventos posteriores ocorreram em outra instituição.
O que dizem profissionais em Lucas do Rio Verde
Profissionais ouvidos pela reportagem relatam que Vitória chegou criticamente instável ao Hospital São Lucas, com hipoglicemia tão grave que o aparelho não registrava valor, sendo submetida a intubação, exames e encaminhamento à UTI. Segundo essa fonte, os resultados laboratoriais sugeriam condição hematológica agressiva (como leucemia), passível de confirmação apenas por testes de alta complexidade.
O que dizem familiares e comunidade
Relatos de familiares apontam que a adolescente teria buscado atendimento em outras ocasiões (PAM e UBS Primaveras), com queixas de dores e fraqueza, sem diagnóstico conclusivo. A morte gerou comoção e cobrança por respostas nas redes sociais.
Direito de resposta — Espaço aberto para manifestações do Hospital São Lucas, da Secretaria de Saúde de Santa Rita do Trivelato, do município de Lucas do Rio Verde e de familiares.