Nesta sexta-feira (19), é comemorado o dia dos Povos Originários/Povos Indígenas, data anteriormente conhecida como “Dia do Índio”, nome erroneamente usado durante séculos para se referir a eles. A data foi criada no Brasil em 1943, durante o Estado Novo, por um decreto de Getúlio Vargas, motivada pela criação da mesma efeméride no México, em 1940. Em 2022, por meio de uma lei proposta pela então deputada federal Joenia Wapichana, que hoje é presidente da Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas), o nome foi alterado para “Dia dos povos indígenas”, como forma de relembrar sobre a importância destas pessoas para a construção do país, bem como, para enaltecer a cultura indígena e as tradições de cada uma das milhares de etnias espalhadas pelo Brasil e mundo. Conforme dados do último Censo Demográfico realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no ano de 2010, existiam 274 línguas indígenas no país, com um número de 817.963 mil indígenas com 305 etnias diferente, o que mostra que cerca de 0,4% dos cidadãos brasileiros são indígenas.
Segundo Lidia Guajajara, que é da etnia Guajajara, coordenadora de Políticas para a Juventude Indígena no Ministério dos Povos Indígenas, 26 anos, indígena do povo Tentehar, da Terra Indígena Araribóia do Sul do Maranhão, usar a terminologia “Dia do Índio” inviabiliza e menospreza as mais de 300 etnias espalhadas pelo Brasil. “É uma palavra carregada de estereótipos que são reproduzidos sobre nós, que romantiza e trata os povos indígenas como povos do passado. Ao usar o termo Indígena, você consegue expressar a diversidade, que estão em biomas e regiões distintos, cada povo se denomina com seu próprio nome, como Guajajara, Terena, Pataxó e tantos outros”, explica.
Lidia também é comunicadora indígena e utiliza das redes sociais para quebrar esteriótipos e tabus acerca dos povos originários. Ela garante que apesar das redes terem facilitado muito a comunicação entre indígenas e o restante da sociedade, muitas vezes eles são inviabilizados somente por estarem na internet. “Apesar de muitos acharem que por estarmos nas redes sociais “não se é mais indígena” pelo contrário, isso só fortalece a nossa identidade. Nós estamos na era digital, conectados e ampliando vozes em espaços nunca alcançados”, explicou. A criadora de conteúdo também conta que não é somente a data de hoje que se comemora o dia dos povos indígenas, mas sim, o mês todo de abril. “O 19 de abril, assim como o mês inteiro, chamado como “Abril indígena” é uma oportunidade para falar com a sociedade brasileira sobre nossas perspectivas, histórias e lutas contadas por nós mesmo. E desmentir histórias erradas e equivocados que pessoas contam, como dizer que indígena recebe bolsa indígena, que todos têm uma Hilux… como se fosse algo recebido e não é verdade.”