Dia do amigo; cuiabanos contam histórias inusitadas e alegres desta relação que cura

 “quem avisa, amigo é” permeiam o imaginário coletivo. A amizade também inspirou letras de músicas como “Quem tem amigo tem tudo” do cantor Emicida, “Friends Never Say Goodbye” de Elton John, “Meus Bons Amigos” do Barão Vermelho, “My Friends” da banda Red Hot Chili Peppers e “With a Little Help From My Friends” dos Beatles, só para citar algumas.

Essa relação humana possui até dia próprio, o “Dia do Amigo”, celebrado em 18 de abril no Brasil. Seja de longa data ou não, amigo de infância, de trabalho, da igreja, do bar, aquele vizinho mais próximo, amigo de amigo que virou amigo, essas relações influenciam até mesmo a saúde, como descreve a psicóloga Lígia Garcia Ramos.

Acervo pessoal

nathania dia do amigo

Após se conhecerem em ponto de ônibus, Nathânia e Heloísa são melhores amigas há 10 anos

“A amizade é entendida como um vínculo genuíno que ultrapassa apenas a convivência. É um vínculo emocional que se baseia na reciprocidade, envolvendo compartilhamento de experiências, emoções e interesses, criando assim, uma rede de apoio segura e exerce grande papel no bem-estar subjetivo de cada indivíduo”, afirma.

Algumas delas podem surgir ao acaso e em situações inusitadas, como ocorreu com a estudante de jornalismo Nathânia Ortega, 26, que conheceu a melhor amiga, a bióloga Heloísa Fernandes, em um ponto de ônibus, quando tinham 16 anos.

“Conheci ela chorando sozinha no ponto de ônibus. Já tinha visto ela na escola, mas nunca conversamos. Fui até lá e perguntei se estava bem, o que tinha acontecido. Ela tinha terminado um namoro na época e eu a levei até a casa dela”, relembra.

Desde então, inseparáveis há 10 anos, Nathânia diz que não consegue se imaginar sem a amizade de Heloísa.

“Mesmo que a gente não consiga se ver diariamente por conta da rotina, sempre tentamos manter contato virtualmente para poder atualizar sobre nossas vidas e desabafar uma com a outra”, pontua.

Os vínculos de amizade geram memórias afetivas levadas para toda a vida. É o que o analista de qualidade, Gabriel Siqueira Parreira, 28, conta sobre uma viagem que fez com a amiga e tatuadora Cauane Camila Olivo de Arueira, 27, para visitar um restaurante que frequentava na infância com o pai, na estrada para Rondonópolis.

Acervo pessoal

dia do amigo

 Gabriel e a amiga Cauane não encontraram a cachoeira, mas viveram uma aventura

Após almoçar, os dois decidiram se aventurar e procurar por um rio ou cachoeira na localidade.

Como estavam sem internet, usaram a rede WiFi da portaria do estabelecimento para pesquisar “cachoeira” no Google Maps e encontraram uma a 30 minutos de distância e decidiram partir em busca da aventura.

“Os 30 minutos se transformaram em 1h de estrada de chão. Entramos em fazendas e cruzamos plantações de milho. Quando o GPS disse ‘você chegou ao seu destino’, não tinha absolutamente nada além de árvores e mato. Não vimos cachoeira alguma, só escutamos ela à distância, mas foi muito bonito ver o pôr do sol com as montanhas”, conta.

Pequenos ritos e tradições unem as pessoas. Reservar uma data para a noite do pijama com amigos para ver filmes, reality shows, séries, além de degustar um baguncinha, é ‘lei’ para a estudante de publicidade Maria Luiza Rodrigues, 21.

Acervo pessoal

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 Maria Luiza e os amigos que sempre a apoiam nos momentos bons e ruins

“Certa vez eu e meus amigos combinamos de comer algo diferente e sair do lanche do bairro. Chegamos em um lugar na avenida do CPA, vimos que tinha muita gente e voltamos para o Parque Cuiabá comer o mesmo lanche de sempre”, recorda.

Malu, diz que conheceu os amigos em um período de grandes mudanças na vida e que havia adoecido mentalmente na época. Ela afirma que eles foram cruciais para sua recuperação.

“Eles me acolheram e cuidaram de mim nos primeiros meses que me conheceram como se fossemos velhos amigos. O amor deles fez com que eu me amasse mais e trouxe de volta a sensação de estar viva. Sou muito grata e feliz por ter eles comigo”, ressalta

Bem-estar social e desenvolvimento humano

Pesquisa realizada pelo PoderData em 2023 apontou que um em cada 4 brasileiros disseram ter, no máximo, 1 amigo próximo. Além da alta na taxa de pessoas sem amigos, o resultado da pesquisa indica certa descentralização do perfil de amizades do brasileiro: antes, 73% diziam ter de 1 a 10 amigos. Esse percentual encolheu para 49%.

De acordo com a psicóloga Lígia, a ausência de vínculos de amizade pode ser um fator de risco para o desenvolvimento de problemas emocionais e comportamentais, onde o indivíduo tende a se isolar, desenvolve dificuldades na comunicação, tal como timidez excessiva, baixa autoestima e sentimento de solidão.

“Os laços afetivos desempenham um papel importante no desenvolvimento das habilidades sociais e resolução de conflitos ao longo da vida. Através dos vínculos com amigos, a comunicação e empatia são exercidas, habilidades que serão essenciais para construir e manter conexões saudáveis em diversos contextos sociais futuros”, salienta.

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