
A bancada federal de Mato Grosso na Câmara dos Deputados votou de forma unânime pela aprovação do Projeto Antifacção, que cria um novo marco legal para o enfrentamento às organizações criminosas. Coronel Assis (União), Coronel Fernanda (PL), Emanuezlinho (MDB), Gisela Simona (União), José Medeiros (PL), Juarez Costa (MDB), Nelson Barbudo (PL) e Rodrigo da Zaeli (PL) se somaram aos demais 362 deputados que aprovaram o texto em plenário.
Principais medidas do projeto
O texto aprovado estabelece novas penas e tipos penais, incluindo:
- penas de 20 a 40 anos para ações atribuídas a facções consideradas ultraviolentas;
- criação de crimes relacionados ao “novo cangaço”, domínio territorial, uso de explosivos, armas pesadas, drones e ataques contra infraestrutura essencial;
- agravante para delitos associados ao garimpo ilegal.
A proposta endurece as regras de progressão de regime, que poderão exigir cumprimento de 70% a 85% da pena, conforme a gravidade e a reincidência. A determinação para que líderes de organizações criminosas cumpram pena em presídios federais de segurança máxima também está prevista, com objetivo de interromper comunicações ilícitas e reduzir o comando a partir do cárcere.
Investigação e medidas patrimoniais
O projeto cria novos instrumentos de investigação, como:
- monitoramento audiovisual de parlatórios, em situações excepcionais e mediante autorização judicial;
- ampliação de buscas e quebras de sigilo;
- operações encobertas;
- realização de audiências e atos processuais por videoconferência.
No campo patrimonial, o texto prevê bloqueio imediato de contas e bens, alienação antecipada durante a investigação e possibilidade de intervenção judicial em empresas utilizadas por facções criminosas.
Essa parte foi um dos principais pontos de tensão com o governo, que manifestou preocupação com o impacto do rateio de valores confiscados – especialmente em operações conjuntas entre Polícia Federal e forças estaduais – sobre fundos federais como o Funad. O destaque apresentado pelo PT para retomar a redação original do Executivo foi rejeitado.
Pontos retirados após negociação
A versão final aprovada pelo plenário manteve intacta a estrutura e as atribuições da Polícia Federal e não alterou a Lei Antiterrorismo. A tentativa da oposição de equiparar facções criminosas ao terrorismo também não prosperou. O presidente da Câmara, Hugo Motta, barrou o pedido, posição alinhada ao Executivo, que via risco de interferência externa em políticas de segurança pública.

