Assassino de advogada enfrenta júri popular nesta quinta em Cuiabá

O ex-policial militar Almir Monteiro dos Reis, 49, será julgado nesta quinta-feira (25) pelos crimes de feminicídio, motivo torpe, estupro e recurso que dificultou a defesa da vítima, a advogada Cristiane Castrillon da Fonseca Tirloni. Ela foi espancada, asfixiada e morta na madrugada de 13 de agosto de 2023, no interior da residência do réu, no bairro Santa Amália. Seu corpo foi deixado dentro de seu carro, no Parque das Águas.

O processo tramitou em segredo de Justiça. O júri será presidido pela juíza da 1ª Vara Criminal, Monica Catarina Perri Siqueira e será às 9h no Fórum de Cuiabá. Até o momento não há mais informações se o julgamento será aberto ou se a imprensa poderá acompanhar. A reportagem  procurou familiares e amigos de Cristiane, mas preferiram não se posicionar.

Almir deve ser submetido ao júri popular, onde 7 jurados julgam os crimes dolosos contra vida. Serão ouvidas testemunhas, o interrogatório do réu e o debate entre acusação e defesa. Os jurados devem responder os quesitos sobre o crime e se o réu participou, e se as respostas forem afirmativas, o juiz aplicará a sentença ou absolvição.

O crime

Cristiane passou o dia na companhia da família e dos amigos em um churrasco. Depois, foi com um primo a um bar próximo da Arena Pantanal. O primo foi embora e ela ficou na companhia de um homem. Após isso, não retornou para casa e a família não teve mais notícias.

O irmão da vítima conseguiu acessar um aplicativo que rastreava o veículo dela, tendo sido encontrado no Parque das Águas. Quando chegou, viu Cristiane desacordada no interior do carro. Ela chegou a ser encaminhada ao Hospital Jardim Cuiabá, porém a morte foi constatada.

As investigações

Com base no aplicativo de rastreio, policiais da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) chegaram até a casa do suspeito. Câmeras de segurança ajudaram na identificação, pois ele apareceu dirigindo o veículo de Cristiane na parte da manhã.

Ao chegar na casa de Almir, os policiais o abordaram e ele disse que passou a noite com a vítima. Após os questionamentos da equipe, ele acabou confessando o crime. Inicialmente ele alegou que a morte foi um “acidente”, no entanto, o corpo da vítima tinha sinais de espancamento e asfixia.

Uma mulher que mantinha um relacionamento com o acusado e que no dia seguinte foi chamada para ir à casa dele, logo depois de Almir abandonar o corpo de Cristiane, disse à polícia que o viu lavando o chão, móveis e roupas de cama.

O réu

Almir foi exonerado da Polícia Militar de Mato Grosso (PMMT) por participar de roubo a um posto de combustível. Foi detido em junho de 2023 para cumprimento da sentença de dois anos de internação, após ser diagnosticado com transtornos psiquiátricos. Mas a direção do Hospital Adauto Botelho e de presídios não acataram a determinação, ficando solto.

Ele também possui processos por crimes de roubo majorado, ações por furto qualificado, receptação, falsificação de sinal de veículo automotor e falsificação/uso de documento público.

Daniel Santos/TV Vila Real

Homicídio - Cristiane Castrillon - Almir Monteiro preso

Motivação do crime

Com a finalização do inquérito, a DHPP concluiu que a advogada violentada sexualmente, agredida e morta asfixiada. O crime aconteceu após ela se negar a praticar sexo anal. Uma testemunha ouvida durante a investigação relatou que passou pela mesma situação com Almir, porém, não foi morta.

Ele foi indicado por estupro, homicídio com 4 qualificadoras e fraude processual, por limpar a casa após o crime usando produtos químicos. Laudo ainda apontou que o corpo da advogada ficou cerca de 6 horas dentro da casa do assassino. Testemunhas ouvidas disseram que ouviram uma mulher gritar na madrugada. O corpo foi deixado por volta das 8h30 no Parque das Águas.

O processo

Denúncia do Ministério Público foi oferecida ao Judiciário no dia 4 de setembro de 2023 por meio da 2ª Promotoria de Justiça Criminal de Cuiabá. De acordo com a denúncia, o crime foi cometido por motivo torpe (desprezo pela vida da vítima), com emprego de asfixia mecânica, mediante recurso que tornou impossível a defesa da vítima (superioridade de força física). Ação foi feita para assegurar a impunidade de outro crime (estupro de pessoa em situação vulnerável) e contra a mulher por razões da condição do sexo feminino, envolvendo menosprezo à condição de mulher (feminicídio).

A Defensoria Pública chegou a pedir a absolvição sumária do ex-policial com base em um exame de insanidade mental realizado em 2016. O processo ficou suspenso por 8 meses, a pedido da defesa do assassino, que foi submetido a exame de insanidade mental, para testar a sua inimputabilidade. O exame foi realizado em 29 de janeiro e laudo pericial atestou que ele tinha capacidade de compreensão de seus atos na data do crime.

 

Compartilhar

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp
Telegram
Imprimir

últimas Notícias

plugins premium WordPress