Uma aeronave do governo do Estado foi usada para levar agentes políticos de Mato Grosso para a festa de 90 anos do fundador do frigorífico JBS Friboi, José Batista Sobrinho, o “Zé Mineiro”, pai dos delatores Joesley Batista e Wesley Batista. O avião Cheyenne IIXL com a matrícula PSGOV, modelo PA31T2 pertence à secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp) e decolou de Cuiabá com destino à Fazenda Santa Luzia, em Aruanã (GO) às 18h04, de quarta-feira (13).
Já o retorno ocorreu às 2h35 desta quinta-feira (14). O plano de voo do governo deixou visível apenas o lugar de partido, omitindo o local de chegada. Contudo, a festa do fundador da JBS causou um congestionamento de jatinhos em Goiás, o que chamou atenção da imprensa nacional.
Entre os convidados estavam empresários e políticos do país inteiro. A música ficou por conta de artistas renomados do sertanejo e do forró. Houve shows dos cantores Daniel, Bruno (da dupla Bruno e Marrone), Wesley Safadão e da dupla Henrique e Juliano.
Os donos da festa decidiram não divulgar a lista de mais de mil convidados, alegando segurança dos presentes. Fotos também não foram permitidas. A aeronave do Estado consta na lista de todos os aviões que estivaram na fazenda durante a comemoração do aniversário de Zé Mineiro.
Recentemente, o governador Mauro Mendes (União) prestigiou a reabertura dos trabalhos da unidade da JBS/Friboi, em Diamantino (208 km a médio-norte), que havia pegado fogo.
Corrupção em MT
Os irmãos Wesley e Joesley Batista se tornaram um dos principais personagem da Operação Lava Jato. Ambos chegaram a ser presos e também são velhos conhecidos dos mato-grossenses. Em sua colaboração premiada, o ex-governador Silval Barbosa, confessou que, em troca de incentivos fiscais, a empresa pagou propina aos integrantes do grande esquema de corrupção no governo de Mato Grosso, desvendado durante à Operação Ararath.
O ex-governador afirmou que R$ 12 milhões “em crédito de propina” com o grupo JBS, em 2014, e para o pagamento desse crédito foi feito um acordo durante a campanha. Já nas delações, os irmãos Batista alegaram que chegaram a pagar R$ 25,5 em propina para o grupo de Silval Barbosa. Em contrapartida, a empresa deixou de pagar R$ 73,5 milhões em ICMS, valor resultante do cálculo de créditos que a JBS deixou de lançar em seu favor em razão do sistema anteriormente vigente de recolhimento por estimativa.
A reportagem entrou em contato com a secretaria de Comunicação do Estado (Secom) solicitando a informação dos passageiros que utilizaram a aeronave do Estado e o custo do voo para os cofres públicos. A Secom informou que está checando os pedidos. A reportagem será atualizada assim que receber as respostas dos questionamentos.