
A Justiça acolheu integralmente o pedido do Ministério Público de Mato Grosso (MPMT) e determinou que o engenheiro Daniel Bennemann Frasson passe por uma nova perícia médica psiquiátrica. A decisão ocorre diante de dúvidas sobre o laudo anterior, que apontou incapacidade plena no momento do crime um dos episódios mais brutais e revoltantes registrados em Lucas do Rio Verde nos últimos anos.
O caso ganhou grande repercussão em junho deste ano, quando o engenheiro é acusado de assassinar a facadas a própria esposa, Gleici Keli Geraldo de Souza, de 42 anos, enquanto ela dormia ao seu lado. Foram 16 golpes fatais. A filha de apenas 7 anos, que dividia a cama naquele momento, também foi ferida com golpes de faca. O crime chocou não apenas pela frieza, mas pela covardia: marido, companheiro e pai transformou o espaço de descanso da família em palco de horror.
Ministério Público contesta laudo anterior
A promotoria foi categórica: o laudo anterior é insuficiente, baseado em hipóteses, sem observação profunda, fragilizando a tese de incapacidade total do réu. Os promotores Samuel Telles Costa e Osvaldo Moleiro Neto destacaram que inimputabilidade não pode se basear em achismos, principalmente quando a consequência pode ser afastar o réu de um julgamento justo pela sociedade.
- ausência de exames toxicológicos;
- falta de investigação sobre psicose induzida;
- indícios de lucidez e capacidade cognitiva após o crime;
- possibilidade de simulação.
Em outras palavras: não basta alegar insanidade para fugir do júri. Há sinais claros de racionalidade e planejamento, que precisam ser reavaliados com rigor técnico e científico.
Nova perícia: rigor e internação
A Justiça determinou nova avaliação, desta vez com:
- junta médica composta por três especialistas;
- exames toxicológicos completos;
- internação com observação prolongada;
- análise de possíveis simulações ou metassimulações;
- investigação de lucidez intermitente.
É uma decisão que traz alívio para quem teme ver um crime tão bárbaro ser reduzido a argumentações técnicas frágeis.
Uma cidade ainda marcada pela barbárie
Lucas do Rio Verde já enfrentou crimes cruéis, mas poucos deixaram marcas tão profundas. A brutal morte de Gleici mãe, esposa, mulher trabalhadora e a tentativa de assassinato da filha colocam este caso no patamar de um dos piores crimes domésticos da história recente do município.


