Quando o útero cola por dentro: como isso afeta a chance de engravidar

A Síndrome de Asherman é uma condição pouco falada, mas mais comum do que se imagina. Caracteriza-se pela formação de aderências dentro da cavidade uterina, em que as paredes internas do útero acabam colando entre si. O problema é silencioso: muitas mulheres não sentem dor e seguem a rotina normalmente, até perceberem dificuldade para engravidar ou mudanças no ciclo menstrual. Por isso, o diagnóstico costuma atrasar, e, quanto mais tarde é identificado, maiores podem ser os impactos na fertilidade.

Por que as aderências se formam e como elas atrapalham a gestação

A principal causa da Síndrome de Asherman é a cicatrização que pode ocorrer após abortamentos, e esse risco pode ser maior em caso de infecção ou quando são necessários procedimentos como a curetagem ou a aspiração intrauterina. Cirurgias intrauterinas, como histeroscopias cirúrgicas para pólipos ou miomas, também podem aumentar o risco. Essa cicatrização exagerada ocorre quando surgem áreas de fibrose que reduzem o espaço interno da cavidade uterina e diminuem o fluxo de sangue no local.

Essas aderências também podem prejudicar a espessura e a qualidade do endométrio, local do útero onde o embrião precisa se implantar. Quando a cavidade não se expande adequadamente ou quando há regiões em que o embrião não consegue se fixar, as chances de gravidez diminuem. Em casos mais graves, a menstruação pode apresentar redução do fluxo ou até desaparecer, sinal de que o endométrio perdeu sua função normal. Além da dificuldade para engravidar, a síndrome está associada a abortamentos recorrentes e a complicações na gestação.

Diagnóstico precoce e tratamento: o que realmente funciona

O diagnóstico costuma ser feito por histeroscopia, um exame com câmera que permite visualizar a cavidade uterina por dentro. Esse método é considerado o padrão-ouro por mostrar diretamente as aderências, sua localização e sua extensão. Ultrassom transvaginal e histerossalpingografia também podem auxiliar, mas nem sempre identificam casos mais sutis.

A boa notícia é que a Síndrome de Asherman tem tratamento, e, quanto mais cedo é detectada, melhores são os resultados. A histeroscopia cirúrgica é o procedimento mais utilizado para remover as aderências e restaurar o formato da cavidade uterina. Após a cirurgia, é comum que o médico prescreva hormônios para estimular a regeneração do endométrio e, em alguns casos, métodos como o DIU para impedir que as paredes voltem a aderir no período inicial de cicatrização.

A fertilidade pode ser totalmente recuperada quando o tratamento é feito nas fases leves e moderadas da síndrome. Mesmo em quadros mais graves, há melhora significativa, e muitas mulheres conseguem engravidar naturalmente ou por meio de reprodução assistida.

 A Síndrome de Asherman pode ser silenciosa, mas não precisa ser permanente. Reconhecer sinais precoces, investigar alterações menstruais e buscar avaliação especializada após procedimentos uterinos são passos essenciais para proteger a saúde reprodutiva. Com diagnóstico correto e tratamento adequado, a maioria das pacientes recupera a possibilidade de construir a família que deseja.

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