
A Câmara Municipal de Nova Mutum decidiu, na noite desta segunda-feira (17), manter o veto integral do prefeito Leandro Félix ao Projeto de Lei nº 14/2025, que instituía o feriado escolar no Dia dos Professores, celebrado em 15 de outubro. A decisão foi apertada: 7 votos a 6, encerrando semanas de discussão entre Executivo, Legislativo e representantes da educação.
O projeto, de autoria dos vereadores Ricardo Schneider e Rafael Brignoni, havia sido aprovado anteriormente por 11 votos a 1, com apenas Anderson Mantovan contrário. No entanto, ao receber o texto para sanção, o prefeito vetou integralmente a proposta alegando inconstitucionalidade e afirmando ter sido pressionado por segmentos do empresariado local, que enxergaram possíveis impactos negativos na rotina econômica.
Mudança de posição dentro da Comissão de Justiça chama atenção
Um dos pontos mais comentados pós sessão foi a mudança de posição da Comissão de Justiça e Redação Final, composta por Zé da Paixão (presidente), Carmem Casagrande (secretária) e Lurdes Costa Marques (membro).
A mesma comissão que anteriormente havia emitido parecer favorável à constitucionalidade do projeto, permitindo sua aprovação em plenário, voltou atrás e recomendou que os vereadores acompanhassem o veto do prefeito.
Essa reviravolta gerou questionamentos entre servidores da educação e parte dos parlamentares. Segundo avaliação feita por setores da Câmara e ouvida pela reportagem, a mudança não indicaria confusão técnica, mas sim alinhamento político ao Executivo, que teria forte influência sobre a base legislativa.
Votação apertada expõe divisão no parlamento
Na votação desta segunda-feira, os vereadores Ricardo Schneider, Rafael Brignoni, Lucas Badan, Maciel Sousa, Cristiano Bicô e Jaiane Santos se posicionaram pela derrubada do veto, mantendo sua posição anterior e sustentando que o feriado representaria um reconhecimento à categoria dos professores.
Já Baguncinha, Altair, Lurdes, Bia, Zé da Paixão, Carmem Casagrande e Anderson Mantovan votaram pela manutenção do veto, formando a maioria simples necessária para barrar o projeto. Destes, apenas Mantovan havia sido contrário desde a primeira votação; os demais mudaram de posição, o que ampliou as críticas sobre a influência do Executivo no resultado.
O presidente da Câmara, Lucas Badan, votou apenas nesta segunda etapa, já que a presidência só vota em caso de veto e se posicionou pela derrubada.
A mudança de votos transformou o episódio em uma disputa simbólica entre Legislativo e Executivo, criando uma evidente fissura política na cidade.
Consequências políticas e desgaste com a categoria
Na avaliação da reportagem, a condução do processo acabou ampliando o desgaste entre o Executivo e uma das maiores categorias de servidores públicos do município.
Especialistas ouvidos e vereadores contrários ao veto avaliam que o prefeito poderia ter sancionado a lei e, caso entendesse haver problemas constitucionais, ingressar posteriormente com ação no Judiciário, caminho que evitaria o embate político direto e preservaria a base aliada de críticas públicas.
A decisão final, no entanto, mantém a definição: não haverá feriado escolar no Dia dos Professores em 2026.
Fontes ligadas ao Sindicato dos Trabalhadores da Educação Pública, (SINTEP) avaliam um movimento de greve em conjunto com Lucas do Rio Verde os as tensões entre a categoria e poder público também estão em níveis avançados.
O episódio também marcou o início de um tensionamento político mais visível entre as duas esferas de poder. Para analistas locais, trata-se do primeiro grande embate deste mandato envolvendo articulação política e pressão de categorias organizadas.
O prefeito Leandro Félix não pode concorrer à reeleição, o que, segundo alguns vereadores, pode influenciar na forma como a relação política vem sendo conduzida, embora o Executivo negue qualquer interferência indevida.

