
A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), que representa os produtores rurais no Congresso, reagiu com otimismo moderado ao rápido encontro entre os presidentes Donald Trump e Luiz Inácio Lula da Silva, nesta terça-feira (23.09), durante a Assembleia-Geral da ONU em Nova York. O gesto do líder americano abre espaço para uma reunião mais ampla na próxima semana, o que pode criar condições para discutir as tarifas impostas pelos Estados Unidos contra produtos brasileiros.
O chamado “tarifaço” entrou em vigor em 6 de agosto e impactou diretamente o agronegócio brasileiro. Setores como café, etanol, aço e proteínas foram atingidos, com perda de competitividade e instabilidade nas exportações. No café, especificamente, a libra-peso disparou em Nova York, chegando a picos de US$ 420, reflexo de contratos cancelados ou renegociados em condições desfavoráveis.
Para o presidente da FPA, deputado Pedro Lupion, qualquer possibilidade de acordo que alivie essas medidas é positiva, mas não há espaço para ingenuidade. “Não acredito que 20 segundos de conversa mudem a política de Trump. Isso é geopolítica, é jogo de xadrez. Cada passo é estratégico. Temos que acompanhar com cautela”, afirmou.
“É um primeiro passo, importante, mas ainda não muda o cenário. O agro brasileiro continua sendo prejudicado pelas tarifas, e só uma negociação concreta pode aliviar o impacto no campo”, resumiu Lupion.
O presidente do Instituto do Agronegócio (IA), Isan Rezende (foto), mostrou um otimismo reservado. “Tudo aquilo que for positivo para ajudar a resolver o problema das tarifas é muito bem-vindo. O contato entre os presidentes, ainda que breve, abre uma janela de diálogo que pode se transformar em medidas concretas para reduzir os impactos sobre o agronegócio brasileiro”.
“Como disse o presidente da FPA, Pedro Lupion, não acredito que 20 segundos de encontro resolvam todos os problemas, mas é um passo na direção certa, e isso deve ser visto como uma oportunidade”, comentou Rezende.
“O mercado do café, por exemplo, sofreu bastante com as tarifas impostas pelos Estados Unidos. Qualquer sinal de reaproximação estratégica é importante para reduzir incertezas, garantir contratos internacionais e preservar a competitividade do setor. Precisamos acompanhar de perto os próximos passos desse diálogo”, completou o presidente do IA
No discurso na ONU, Trump disse ter tido uma “química excelente” com Lula e chamou o brasileiro de “um homem muito bom”. Apesar do tom amistoso, a FPA reforça que o setor deve manter os pés no chão.


