Professores da UFMT voltam a rejeitar proposta do governo Lula e greve continua

Professores da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) voltaram a rejeitar a proposta do governo federal e decidiram continuar com a greve, que completou um mês ontem. Segundo o sindicato que representa a categoria, a pauta salarial não teve nenhuma alteração, de forma que a proposta continua sendo zero reajuste em 2024, 9% em 2025 e 3,5% em 2026.

Para o professor Paulo Wescley, a negociação não avançou. “Essa é uma farsa que precisa ser desfeita. A gente foi tão apequenada enquanto categoria, que a impressão que eu tenho é que só o fato de o governo ter recebido o Andes-SN causou um alvoroço inexplicável”, avaliou.

Com relação à negociação com o governo, o professor Aldi Nestor de Souza, membro do Comando Local de Greve, explicou que a categoria cobra também a questão do orçamento das universidades. Porém, segundo ele, houve pouca novidade, já que o governo fará um incremento de apenas 10% do montante reivindicado pela dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), que seria de R$ 4 bilhões.

Durante a assembleia, Nestor defendeu que o debate precisa também considerar o futuro dos estudantes, tendo como exemplo o fato de o número de bolsas integrais de estudos oferecidas pelo Governo em universidades privadas girar em torno de 400 mil, enquanto para o ensino público não ultrapassarem 264 mil. “A greve precisa refletir sobre essa questão, do orçamento não permitir que os estudantes das universidades públicas continuem estudando. Se a gente não fizer isso, vai parecer que estamos concordando com a escolha do Governo de optar pelo ensino privado. É um erro grotesco o Andes e o CNG induzirem as bases a pensarem em sair da greve neste momento”, pontuou.

Para a professora Vanessa Furtado seria lamentável para a categoria sair da greve neste momento. “O Orçamento do PAC anunciado pelo Governo não será para todas universidades, somente para aquelas que solicitarem e tiverem seus pedidos deferidos. O PAC é enganoso, feito para empreiteiras construírem prédios nas universidades, não para a gente comprar material e tudo o que a gente precisa para as aulas. Esse PAC vai promover o aumento das Parcerias Público-provadas e verba parlamentar dentro das instituições, e isso influenciará também na autonomia das pesquisas”, alertou.

O professor José Domingues de Godoi Filho avalio que nem o PAC está garantido, porque teria de entrar no Plano Plurianual (PPA), elaborado no primeiro ano de governo para ser implementado nos quatro anos seguintes. O PPA do atual governo foi enviado ao Congresso em agosto de 2023.

A professora Andreia Ferraz destacou que não houve avanço nas questões salarial, orçamentária e também na inclusão dos docentes aposentados nos benefícios. Para a professora Patrícia Félix, é preciso ter ciência de que o Governo não prioriza a Educação, por isso não avança. “Toda a atuação deste Governo é resultado de um projeto neoliberal de Educação. Se continuar assim, se a nossa greve não barrar isso, o que a gente pode visualizar a frente é aumento na precarização laboral, cada vez mais falta de recursos para o funcionamento da universidade, para a assistência estudantil e, consequentemente, mais evasão”, finalizou.

O docente Reinaldo Mota resumiu o sentimento praticamente gral da assembleia. “Diante de tanta luta, nadamos, nadamos, nadamos e não vamos morrer na praia. Não dá para desistir no meio do caminho. É hora de continuar. É hora de rebeldia. A greve continua, companheiros. A vitória está ali pertinho”, agitou o professor.

Ao final do debate, foi decidido, por unanimidade, que a assembleia da UFMT indicará ao Comando Nacional de Greve as seguintes ações: rejeição da proposta do governo e de qualquer movimento de saída de greve. Também foi aprovada a elaboração de uma moção de repúdio à condução da greve ao Comando Nacional e diretoria do Andes-SN, uma manifestação de recepção a Lula em Rondonópolis, radicalizar e dar continuidade à greve, além de fazer um material gráfico listando os motivos para permanecer em greve.

Além disso a Adufmat-Ssind deve construir um espaço kids para receber docentes com crianças em espaços como as assembleias. Para pensar a construção deste espaço será formado um grupo de trabalho temporário. Foi aprovado também que, se houver aprovação de saída da greve nacionalmente, que seja condicionada à manutenção dos espaços de discussão relacionados à pauta, instalação de mesa permanente de negociação com o Governo e assinatura de termo de compromisso visando a discussão a partir da pauta original do Andes-SN. Ainda houve encaminhamento para cobrar do Governo a mudança da lei para que os aposentados recebam auxílio alimentação.

Em âmbito local, foram encaminhadas a realização de atos em outros espaços da universidade, como Reitoria, saguões e auditórios, além de aulas públicas nos campi do interior. Além dos docentes, técnicos da UFMT também estão em greve. Ainda houve paralisações em 18 campi do Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT). Esta semana, as unidades de Sinop, Alta Floresta, Confresa, Barra do Garças, Rondonópolis e Diamantino decidiram retomar as atividades.

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